Espectro autista: entenda por que é um espectro e como é o transtorno
Espectro autista: entenda por que é um espectro e como é o transtorno
Determinado pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2007, todo dia 02 de abril é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. É uma data direcionada para conscientizar as pessoas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O autismo é uma condição neurológica que compromete a interação social, a fala e o comportamento do indivíduo em diversos níveis. Logo, podemos dizer que pessoas autistas têm dificuldades nessas áreas.
Por conta disso, existem diferenças dentro do próprio espectro. Ou seja, enquanto alguns indivíduos com autismo realizam a maioria das tarefas do cotidiano sem apoio, outros necessitam de auxílio até em atividades consideradas simples. Continue a leitura para saber mais sobre o TEA.
Por que é chamado de espectro autista?
O Transtorno do Espectro Autista é apontado como um problema de saúde pública mundial pela OMS, pois é uma condição que altera o neurodesenvolvimento da pessoa autista. Assim, prejudica a organização de pensamentos, sentimentos e emoções, o que compromete a comunicação e a interação social do indivíduo.
O termo “espectro” foi inserido ao nome do transtorno autista em 2013, por conta da diversidade de sintomas e níveis que as pessoas apresentam. Cada indivíduo com autismo tem seu próprio conjunto de manifestações, tornando-o único dentro do espectro.
Segundo o estudo do Center of Deseases Control and Prevention (CDC), uma a cada 44 pessoas têm autismo, atingindo 1% a 2% da população mundial. No Brasil, há aproximadamente 2 milhões de autistas, muitos sem diagnóstico e tratamento adequados.
Quais são as diferentes manifestações do TEA?
Existem quatro tipos relatados de autismo. Cada um tem suas próprias características e diferenciações, como veremos a seguir.
Síndrome de Asperger
É a condição considerada mais branda de todas. Em geral, quem tem a síndrome de Asperger apresenta inteligência preservada e, por isso, também é chamado de “autismo de alto funcionamento”.
A pessoa com Asperger é diferente do autista clássico porque não apresenta atraso na fala. Em geral, o indivíduo “aspie” (termo popular utilizado entre pessoas Asperger) tem habilidade verbal satisfatória. Por outro lado, apresenta dificuldades com simbologias, palavras de duplo sentido e interpretação de sinais não verbais.
Além disso, segue rotinas rígidas, tem comportamentos repetitivos de forma branda e manifesta interesse compulsivo em determinados assuntos. Quando não diagnosticados na infância, os “aspies” podem desenvolver ansiedade, depressão, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e síndrome do pânico, quando adultos.
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
É uma categoria um pouco mais grave do que o Asperger. Os sintomas do Transtorno Invasivo do Desenvolvimento são distintos e variados, dependendo do paciente.
No entanto, existem alguns indícios clássicos que podem aparecer em diversos indivíduos. Entre eles, dificuldade de interagir socialmente, comprometimento da linguagem verbal, movimentos repetitivos diante de situações consideradas tensas, nervosismo acentuado após quebras de rotina etc.
Transtorno Autista
Em geral, o Transtorno Autista é diagnosticado logo na infância, pois traz sintomas graves. A capacidade cognitiva, verbal e social é muito afetada e a pessoa apresenta diversos comportamentos repetitivos.
As características mais comuns dessa classificação correspondem a:
• atraso na fala;
• dificuldade em realizar pedidos usando a linguagem, geralmente, a criança aponta para o objeto ou a pessoa;
• falta de contato com os olhos quando fala.
Transtorno Desintegrativo da Infância
Entre as manifestações de autismo, essa é a mais delicada e também a mais rara. Geralmente, o diagnóstico é realizado na infância, entre os 2 e 4 anos. Nesse período, o paciente sofre uma regressão, resultando na perda das habilidades intelectuais, linguísticas, motoras e sociais, e incapacidade de recuperá-las.
Quais os principais níveis do autismo?
Além dos tipos de autismo, também há variações que correspondem aos níveis de gravidade do indivíduo autista criança, jovem e adulto. Veja quais são.
Nível 1 (Leve)
Pessoas que têm dificuldades para iniciar relações sociais, manifestam pouco desejo de interação, apresentam respostas atípicas (inconvenientes). Em geral, não lidam muito bem com a troca repentina de atividades, têm pensamentos acelerados e problemas de planejamento e organização.
Nível 2 (Médio)
Pacientes com grave deficiência nas relações sociais e na comunicação verbal e gestual, mesmo com a presença de apoio. São inflexíveis nos seus comportamentos, apresentam dificuldades com a mudança de rotinas, realizam movimentos repetitivos com frequência e sofrem para modificar o foco das suas ações.
Nível 3 (Grave)
Há prejuízos mais graves em relação à comunicação verbal e não verbal, além de dificuldades notórias para realizar tarefas de rotina, inclusive, fisiológicas, mesmo com apoio. Também apresentam dificuldade acentuada em lidar com a mudança e com movimentos repetitivos. São completamente inflexíveis às mudanças de rotina, gerando crises de ansiedade e estresse.
Quais são os sinais do espectro autista?
São diversos os tipos e níveis do espectro autista. Existem vários sintomas detectados logo na infância, mas podem ser observados até a vida adulta, afinal, o TEA é uma condição que ocupa todas as fases da vida do indivíduo, ou seja, faz parte de sua existência.
Os sinais mais comuns Transtorno do Espectro Autista são:
• apresentar atraso anormal na fala;
• não responder quando for chamado e demonstrar desinteresse com as pessoas e objetos ao redor;
• ter dificuldades em participar de atividades e brincadeiras em grupo, preferindo sempre fazer tarefas sozinho;
• não conseguir interpretar gestos e expressões faciais;
• ter dificuldade para combinar palavras em frases ou repetir a mesma frase ou palavra com frequência;
• apresentar falta de filtro social (sinceridade excessiva);
• sentir incômodo diante de ambientes e situações sociais;
• ter seletividade em relação a cheiro, sabor e textura de alimentos;
• apresentar movimentos repetitivos e incomuns, como balançar o corpo para frente e para trás, bater as mãos, coçar algumas partes do corpo (como ouvidos, olhos e nariz), girar em torno de si, pular de forma repentina, reorganizar objetos em fileiras ou em cores;
• mostrar interesse obsessivo por assuntos considerados incomuns ou excêntricos, como biologia, paleontologia, tecnologia, datas, números, entre outros;
• ter problemas gastrointestinais ocasionados por quadros de ansiedade.
Além disso, alguns autistas podem manifestar acessos de raiva, hiperatividade, passividade, déficit de atenção, dificuldades para lidar com ruídos, falta de empatia diante determinadas situações e aumento ou redução na resposta à dor e a temperaturas.
Como o diagnóstico do TEA é feito?
O diagnóstico do TEA é clínico, ou seja, é feito por meio da observação direta do comportamento do paciente, além de uma entrevista com os pais ou responsáveis. Em geral, são os parentes ou pessoas próximas (familiares, professores e terapeutas) que identificam os primeiros sinais, que costumam surgir a partir dos 2 anos de vida.
No entanto, em algumas situações, o diagnóstico é feito apenas na adolescência ou logo no início do período escolar — fase em que a criança apresenta dificuldades de relacionamento social com colegas da mesma idade.
Em outras ocasiões, especialmente, nos níveis mais leves, o diagnóstico ocorre na fase adulta. Nesses casos, é comum que a própria pessoa identifique em si alguns dos sintomas e busque auxílio de um psiquiatra, neurologista ou psicólogo.
Por que é importante contar com a ajuda profissional?
Embora não exista cura, o espectro autista tem tratamento, capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, tornando-os mais independentes e sociáveis. Na maioria dos casos, um time multidisciplinar é indicado, já que cada profissional trabalhará uma dificuldade específica.
Costuma-se indicar acompanhamentos com:
• análise aplicada de comportamento: tem o objetivo de reduzir comportamentos nocivos e estimular condutas positivas;
• ludoterapia: jogos e brinquedos trabalham a interação social e questões sensoriais da criança;
• fonoaudiologia: orienta a criança no desenvolvimento verbal e gestual;
• habilidades sociais: simula interações do cotidiano a fim de melhorar o comportamento social do paciente;
• medicamentos: embora não existam medicamentos para o autismo, alguns remédios ajudam com possíveis problemas emocionais manifestados pela pessoa autista, como ansiedade, agressividade, depressão, estresse, hiperatividade, impulsividade e alterações de humor.
Como visto, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que afeta o neurodesenvolvimento da pessoa, além de ser um problema bastante comum em nossa sociedade. Nesse sentido, a recomendação é observar os sintomas mencionados e buscar um profissional especializado em autismo para realizar o diagnóstico o quanto antes. Assim, a criança terá um desenvolvimento mais adequado para lidar com suas dificuldades.
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